Uma pesquisa de 2021 da Associação Nacional das Administradoras de Benefícios (ANAB) revelou que os brasileiros ficaram mais preocupados com o acesso a tratamentos médicos a partir da pandemia. E que o plano de saúde é a terceira principal prioridade de consumo da população. Diante da crise sanitária global, a tecnologia assumiu protagonismo na saúde, permitindo acelerar e facilitar processos. E muitas iniciativas neste sentido estão surgindo. Um exemplo é o Open Health, projeto lançado pelo Governo Federal brasileiro, que promete universalizar os dados de saúde dos usuários do sistema público e privado. A proposta é inovadora e teve como inspiração o Open Banking, sistema criado pelo Banco Central para o compartilhamento de informações no setor financeiro.
O Open Health propõe, entre outras iniciativas, criar um grande banco de dados nacional com as informações médicas da população, o que facilitaria o acesso ao histórico de pacientes por médicos, hospitais e operadoras de saúde, o que resultaria, nesta proposta, em maior qualidade de atendimento, diagnóstico e tratamento de doenças diversas.
Do ponto de vista do Sistema Único de Saúde (SUS), o Open Health sugere ainda uma gestão estratégica dos recursos públicos voltados à saúde. Com a análise regional dos dados, cada município poderia identificar os padrões e necessidades de sua população assim como os tratamentos de maior recorrência. Aceleraria ainda pesquisas científicas para a criação de novos medicamentos e procedimentos.
Por outro lado, especialistas do mercado têm indicado pontos de atenção a respeito do Open Health. É que para a proposta alcançar sucesso semelhante ao Open Banking, precisaria de análises mais aprofundadas em termos de tecnologia e sigilo de informações. O Brasil conta com a Lei Geral de Proteção de Dados, que dá a cada brasileiro o poder de ser dono de seus dados. Nesse sentido, o compartilhamento de informações deve, sobretudo, respeitar as disposições legais e o total conhecimento do cidadão.
Na saúde suplementar, o Open Health deverá ainda assegurar que as operadoras de saúde façam bom uso dos dados e impeça qualquer tipo de seleção de risco, que é prática proibida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Para além dos prós e contras, o Open Health é uma solução que exige análise criteriosa de todos os agentes envolvidos para que alcance uma boa execução. O uso de dados tem sido um caminho natural para diversos setores da economia brasileira. Cada vez mais, a tecnologia deve ser utilizada em função de uma saúde melhor para todos.
Se implementado no país, as administradoras de benefícios podem ser os olhos do cliente na gestão e cuidado com o compartilhamento das informações.