Hospitais que integram projeto Parto Adequado recebem treinamento

Os hospitais que fazem parte do projeto Parto Adequado participam, nesta semana (26 e 27), do primeiro de uma série de encontros presenciais dedicados a orientar e instruir as equipes que implementarão a iniciativa em cada uma das instituições. A reunião, realizada no Rio de Janeiro, conta com a presença das 26 estabelecimentos privados e públicos que integram o projeto-piloto, sob liderança da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), do Hospital Albert Einstein e do Institute for Healthcare Improvement (IHI).

O objetivo do encontro é apoiar os hospitais a desenvolverem estratégias para reorganização do modelo de atenção ao parto. Com isso, a ANS e demais parceiros da iniciativa buscam estimular os partos normais e reduzir cesarianas sem indicação clínica, e melhorar, de maneira geral, a qualidade da assistência à gestante. Por meio de discussões e trabalhos práticos, as equipes serão orientadas e capacitadas para que possam fazer as mudanças nos seus estabelecimentos de saúde. Depois do treinamento, terão três meses para aplicar as orientações. 

“Nesses dois dias, os hospitais têm a oportunidade de aprender estratégias para provocar e implementar essas mudanças, o que a gente chama de ciência da melhoria. Eles estão recebendo uma espécie de tutoria para que possam aplicar as inovações”, explica Jacqueline Torres, gerente executiva de Aprimoramento do Relacionamento entre Operadoras e Prestadores da ANS. “Estou surpreendida positivamente, os hospitais de fato aderiram, enviaram representantes, temos instituições do país inteiro, todos se dispuseram a participar da reunião. As equipes estão muito motivadas, engajadas e levando a sério o projeto”, avalia Jacqueline.

“Vamos entregar aos hospitais um pacote de medidas que eles precisam implementar e testar até setembro de 2016. Não é apenas instruindo, mas colocando a mão na massa, realizando as mudanças e vendo o impacto que elas têm nos indicadores”, destaca o médico Paulo Borem, representante do IHI.

Ele ressalta que o excesso de cesáreas desnecessárias é um problema complexo, que envolve não apenas a gestante, mas todo o sistema de saúde. Nesse sentido, espera que as ações implementadas se tornem permanentes e ajudem a provocar melhorias nos hospitais. “Por isso usamos a ciência da melhoria, para que essa mudança seja sustentável, permaneça na organização e melhore o hospital inteiro. No aspecto do cuidado, esperamos que crie uma onda de melhoria para o paciente e para o profissional de saúde. Ninguém está satisfeito nesse contexto atual”, afirma.

Na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, (RJ), as taxas de cesáreas chegam a 90%, índice superior à média nacional da saúde suplementar (84,6%), o que motivou a instituição a aderir ao projeto. “Os nossos índices de cesariana são muito altos, talvez até maiores que a estatística do Brasil. Nosso objetivo é incentivar o parto adequado, melhorando as taxas de parto normal e adaptando a estrutura do hospital para realizar o parto com melhor segurança para a gestante e para o nosso médico”, explica o diretor técnico da Casa de Saúde, Augusto Neno. “Nos próximos 16 meses, nosso objetivo é chegar a 30% de parto normal”, diz.

Neno acredita que o maior desafio desse processo é a conscientização do médico com relação ao incentivo ao parto normal. Por isso, o mais importante para a Casa de Saúde é adequar a estrutura, para que o médico sinta a confiança de realizar o parto normal. “O hospital ganhará muito em credibilidade e em aceitação, pela sociedade e pelos próprios médicos também”, avalia.

Breno Monteiro, diretor técnico da Maternidade do Povo, de Belém, também acredita que a participação no projeto Parto Adequado ajudará o hospital a reduzir o número de cesáreas. “Nos últimos dois anos, temos tentado diminuir as altas taxas de cesáreas e temos conseguido resultados muito pequenos. Precisamos estar alinhados com o que o sistema inteiro pensa, pegando experiências do Brasil inteiro para aplicar essa sabedoria em nossa instituição para conseguir os resultados que a gente deseja”, destaca. “A instituição realiza apenas 13% de partos normais e desejamos, nos próximos meses, chegar a 40%. Hoje, os nossos pacientes já chegam com esse desejo, então precisamos preparar a instituição e seu corpo clínico para atendê-lo de forma adequada”, conclui.

O próximo encontro presencial dos hospitais que integram o projeto-piloto acontecerá em agosto. Até lá, os participantes serão sempre acompanhados por tutoria (online e por telefone) prestada pela ANS, pelo Hospital Albert Einstein e pelo IHI.

Além das instituições que fazem parte como piloto, outros 12 hospitais privados participarão do projeto. Eles são o chamado grupo de seguidores e serão acompanhados pela Agência por meio de reuniões periódicas e do monitoramento de dados. Outros quatro hospitais participarão compartilhando experiências que já vêm desenvolvendo nesse sentido.

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